sábado, 23 de fevereiro de 2008

Em casa de ferreiro...

Alguém pode me explicar por que a bandeira da Paraíba projetada no telão atrás de seu candidato, o Romário, tinha um erro de português?

Sim, eu vi e muita gente também viu NÉGO escrito sobre o pavilhão.

NÃO! O NEGO da bandeira da Paraíba não tem acento!

Em tempo: antes que algum desavisado pergunte o porquê do nêgo da bandeira, uma pequena aula de história.

O NEGO vem do verbo negar; imortaliza no símbolo do estado a postura do governador João Pessoa, que no fim da década de 20 protagonizou um racha na até então insossa política brasileira. Reinava a aliança do café-com-leite, em que mineiros e paulistas se revezavam no poder. Washington Luís, no entanto, quis romper esse acordo de cavalheiros, o que despertou a ira de João Pessoa. Num telegrama, resumiu em uma palavra todo o seu descontentamento: NEGO (o apoio). Ele então passou a apoiar o gaúcho Getúlio Vargas. Acabou assassinado.

Com o atentado, a capital mudou de nome. Era Paraíba e virou João Pessoa. Conta Ariano Suassuna que há poucos como ele, paraibano e paraibense, já que, desde 4 de setembro de 1930, quem nasce na capital da Paraíba é pessoense.

Agora há pouco, no Soletrando

Os meninos que representavam Goiás e Paraíba foram desclassificados não porque não sabiam soletrar direito. Mesmo errando, os dois 'acertaram' em acentuação e, vá lá, ortografia. A palavra que eliminou Romário, da Paraíba, ictiófago, virou intilófago, que nem sequer existe.

Das duas, uma: ou o som dos fones não estava claro o suficiente, o que atrapalhou os candidatos, ou o conhecimento deles do vocabulário é razoável, quando deveria ser bom.

Em tempo: ictiófago é quem come peixe.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Tá dominado!

Um dos meus autores preferidos é João do Rio.

Ele desenvolveu, no século passado, um estilo de crônica cativante que não envelheceu. E soube captar como poucos a alma encantadora das ruas — título de uma de suas recomendadíssimas obras, de cujo capítulo Sono calmo retiro este trecho:

O encarregado, trêmulo, seguiu à frente, erguendo o castiçal. Abriu uma porta de ferro, fechou-a de novo, após a nossa passagem. E começamos a ver o rés-do-chão, salas com camas enfileiradas como nos quartéis, tarimbas com lençóis encardidos, em que dormiam de beiço aberto, babando, marinheiros, soldados, trabalhadores de face barbuda. Uns cobriam-se até o pescoço. Outros espapaçavam-se completamente nus.

Dito cujo

Esta é uma das pragas mais recentes.

Os motoristas que tiveram o direito de dirigir suspenso deverão entregar a carteira de habilitação imediatamente.

Os manifestantes tiveram negado o pedido de isenção pelo juiz.

Há algo de errado nessas frases? Gramaticalmente, não.

Mas é feio para caraleo.

Isso porque inventaram, nos últimos anos, mais um uso para o verbo ter. Até bem pouco tempo atrás, a gente o empregava como sinônimo de possuir. Ele também serve como verbo auxiliar. Agora, é metido como muleta numa construção que considero no mínimo preguiçosa.

Para evitá-la, vocês devem inverter a frase ou usar uma palavra execrada por muita gente: cujo.

Eu não tenho nada contra cujo, pelo contrário: acho até um termo elegante, sobretudo quando vem ladeado de preposições. O concurso a cuja premiação eu me referi aceita inscrições até amanhã. Lindo, né?

Ainda que eu não tenha nas mãos uma sentença condenando à morte essa construção, nem um argumento inquestionável o suficiente para bani-la, peço que reconsiderem e dêem mais carinho ao dito cujo.

Em tempo! Vejam como ficariam as frases lá de cima sem essa praga:

Os motoristas cujo direito de dirigir foi suspenso deverão entregar a carteira de habilitação imediatamente.

O juiz negou o pedido de isenção feito pelos manifestantes.

Incidente ou acidente?

As pessoas acham que dá no mesmo, mas não dá, não.

Acidente é mole: caiu de bicicleta? Acidente. Martelou o dedo? Acidente. O carro capotou? Acidente.

Já um incidente se refere a algo não tão... físico. Uma briga, um bate-boca, um mal-entendido, uma discussão, um deixa-disso.

Tenho uma dica. Não chega a ser um efeito-caneca, mas ajuda.

Pense sempre na expressão incidente diplomático. Vocês sabem: é quando um país briga com outro, mas não a ponto de bombardeá-lo.

Outro exemplo. Ameaça de bomba num prédio. Os bombeiros mandam esvaziá-lo. Não acharam nada? Foi um incidente. Tinha uma bomba, e ela explodiu? Acidente.

Vocês viram a manchete do Globo hoje?

Brasil reúne recursos para pagar toda dívida externa.

E aí, está errado ou não?

É aquela velha história. Temos de ser humildes a ponto de tolerar outros pontos de vista, pois ninguém é o rei da verdade. Mas eu fiquei no mínimo curioso em saber se houve uma discussão entre os redatores por causa do a — que eu, aliás, defenderia até a morte.

- Tem que ser toda a dívida.
- Não cabe. Já está apertado.
- Mas assim vai parecer que o Brasil tem várias dívidas.
- Ué, e não tem?

Ou, para eliminar todas as polêmicas, bastava trocar a ordem da frase: Brasil reúne recursos para pagar a dívida externa toda.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Fui eu que fiz

Esta é para a Amanda.

Responda rápido: fui eu que fiz, foi eu quem fez, fui eu quem fiz ou nenhuma das opções? Ou todas?

Essa inversão realmente dá um nó na cabeça de muita gente. Mas há um efeito-caneca para ninguém mais errar.

Quem e que são pronomes. Acontece que o quem é tirano, não gosta muito de variações. Logo, uma frase como fomos nós quem fizemos não fica muito bem na fita.

Já o que é uma maria-vai-com-as-outras. Eu que fiz, nós que fizemos, eles que fizeram.

Para evitar problemas, prefira o que. Já o quem pode e deve ser usado em outras frases, como Quem fez isso? (notem que não se escreve Quem fizemos isso?, é um Gato com J)

Um cacófato para Fidel

O cacófato é uma das pragas mais divertidas da língua. Todos nós a aprendemos no colégio. Quem é jornalista também a conhece muito bem.

Surge um cacófato quando a junção de duas ou mais palavras produz outra, de baixo calão, ou feia mesmo. Há um certo ranço de preciosismo em alguns casos, mas em outros não dá para negar: é esquisito paca.

O meu preferido?

- O secretário foi demitido por razões que só o governador sabe.

Outro clássico:

- O verão tem tudo o que o carioca gosta!

Antigamente eu era obrigado a evitar cocôs (os ladrões roubaram cinco cobertores) e outras excrescências. Hoje em dia eu fiquei mais tolerante, até porque muita gente nem percebe que tropeça em cacófatos.

Mas existe um ainda mais clássico, proposital, e ancião: tem uns 45 anos, quase a duração do comando-em-chefe de Fidel Castro em Cuba.

(Ainda que eu não o admire politicamente, não posso negar que se trata de um ícone)

Era 1962. Auge da Guerra Fria. Cuba era a casa de veraneio da União Soviética, que bancava a grande aventura socialista na América Caribenha. Aí o presidente Kennedy descobriu, primeiro por agentes da inteligência, depois por fotos mesmo, que a ilha tinha recebido um respeitável arsenal de mísseis que podiam fazer estragos em Miami e Houston.

Historiadores elegem este o momento mais crítico da Guerra Fria, em que ficou claríssima a ih!minência de uma nada gentil troca de bombas — já que o Tio Sam também tinha armas no quintal do inimigo, no caso a Turquia.

Quando o mundo se preparava para uma batalha de verdade, com destruição em massa, e Fidel, uma invasão ianque ou algo pior, Kennedy e Krushchev selam um acordo, e a paz volta aos níveis de banho-maria.

Mas, até o desfecho, muita gente aqui no Brasil apostava num bombardeio das cidades do sul da costa leste dos Estados Unidos. Outros afirmavam que Fidel era um frouxo e não teria coragem de atacar o vizinho.

Dessa polêmica surgiu, aos sabores de uma crise mundial, um cacófato gaiato:

- Eu quero ver Cuba lançar!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Antártica ou Antártida?

Essa é fácil. Vocês falam Ártico ou Ártido?

Pois bem. O continente gelado, por estar no Pólo Sul, oposto ao Pólo Norte, é o Anti-Ártico - pus o hífen para destacar bem, pois a rigor não há.

Logo, é Antártica.

Quem bebe a Boa sabe disso muito bem. A cerveja é Antarctica.

Mas e todo mundo?

Mas e todo mundo? Não seria todo o mundo?

Aí entra o bom-senso. Mundo já assumiu há muito tempo a idéia de gente. Além do mais, mesmo se a gente pegar ao pé-da-letra, a expressão serviria dos dois jeitos: todo o mundo seria a Terra toda, a população toda; todo mundo, por sua vez, indicaria todos os planetas, todas as gentes, todos os extraterrestres, seres abissais, anjos etc...

Aliás, todo o mundo é feio. Prefira todo mundo.

Todos no seu devido lugar

Mais uma afta da língua.

Todo mundo erra todo.

Concordo que é uma praga espinhosa.

A grande questão está nos termos todo país e todo o país. Existe alguma diferença? Não é a mesma coisa?

Não, não é.

Quando a gente escreve todo país, a palavra todo assume o significado de qualquer.

Na outra expressão, todo o país, estamos nos referindo ao país inteiro.

Mas todo mundo erra. É comum a gente encontrar algo do tipo Todos alunos ficaram para a prova final. Neste caso, a gente precisa escrever Todos os alunos... No plural, isso não funciona. Está errado.

O problema aparece em frases como essa: Toda turma ficou de recuperação. E agora, José? O que o mané quis dizer? Da maneira como está, a gente tem de adivinhar. É a turma inteira ou é qualquer turma? Ou, ainda, todas as turmas?

Entra em ação o efeito-caneca. Não lembra o que usar? Troque. Use inteira, se for o caso, ou qualquer. Para eliminar as dúvidas, ponha todos sempre depois da palavra: os alunos todos, o colégio todo, o baile todo...

Com todos no seu devido lugar, todo mundo deixa de errar.

Universos paralelos

Posso estar enganado, mas creio que uma parte considerável de nosso vocabulário está tomada por termos ultra-específicos. Não faço idéia do real tamanho da contribuição com palavras da Medicina ou do Direito. Quem os estuda deve saber uma pá de expressões e palavrões que a maioria dos mortais jamais ousou pronunciar.

Salvo quando se abatem pequenas tragédias de saúde que fazem você penar, mas ampliam o seu vocabulário.

Eu tive o desprazer de conhecer dois desses milhões de termos.

Um me acomete há um mês. Começou logo na virada do ano, com uma tossezinha, e virou uma moléstia que regularmente me sufoca com dantescos ataques. Fui ao meu otorrinolaringologista e descobri se tratar de uma faringotraqueíte.

Não, não está no dicionário. Pelo menos assim, composta. Separadas, as duas constam, sim, dos alfarrábios. Mais comum, a faringite é bem conhecida; a traqueíte já provoca estranheza. Mas eu tinha uma explicação na ponta da língua:

- Traqueíte é a faringite da traquéia.

A outra foi muito, muito pior. Desta vez, da lavra da odontologia. Eu me gabo de nunca ter tido cáries na minha vida, mas sofro além do normal com placas. Então, de tempos em tempos, tenho de ir ao dentista limpá-las (coisa que qualquer adulto deveria fazer, aliás).

Um belo dia, quando mais novo, notei um incômodo e persistente sangramento nas gengivas. Fui ao dentista. E fui esculachado como nunca antes na história deste país — o que me fez tornar um fundamentalista da limpeza bucal, diga-se de passagem.

- Nossa, é uma Guna! Filha, venha ver! É uma Guna!

A filha em questão também é dentista, claro. Já estava envergonhado com a descompostura. Fiquei em pânico ao saber, mais tarde, que Guna é a sigla para Gengivite Ulcerativa Necrosante Aguda.

Julgava ser impossível um sangramento reunir tantas palavras mórbidas juntas. Uma gengivite já é temerária, pois toda inflamação é ruim; ulcerativa vem de úlcera, uma lesão degenerativa; necrosante indica que há morte de células. Só essas três indicariam algo muito grave, certo? Pois ainda tinha um aguda para reforçar.

Mas nada que uns antibióticos, fio-dental e muito antisséptico bucal não resolvessem.

E vocês? Conhecem termos lindos como esses? Dêem sugestões, que as publicarei aqui! Vamos, procurem em seus livros! Aposto que o português é muito criativo em suas áreas!

Papisa

Minha adorável amiga Flavia Salme levantou uma questão.

Por que existe papisa, feminino de papa, se o termo nunca será usado?

Simples. A palavra foi criada porque a História precisou.

Se é verdade ou se não passa de uma lenda, o fato é que há a figura da Papisa Joana, que teria assumido o trono de Pedro por dois anos nos idos longínquos de 850. Segundo a lenda, Joana nascera na cidade alemã de Mainz e, graças ao seu vasto conhecimento, tornou-se chefe maior do Catolicismo — mas antes adotou a identidade de um homem. Devaneios dão conta até de um parto em plena procissão, pois Joana não era de ferro e tinha um amante.

Hoje a História assegura que nunca houve uma papisa. Mas um ritual do conclave mantém viva a força da lenda. Antes da efetivação no cargo, o bispo eleito papa é devidamente checado nas partes íntimas para receber a bácula e o barrete (nomes dados ao cajado e ao chapéu). Ou seja, é preciso ter colhão para ser o Sumo Pontífice. Trauma que teria sido imposto por Joana.

Em tempo: não haverá papisas pelo mesmo motivo por que não há mulheres no sacerdócio. A Igreja viu, há séculos, a ameaça de sua incalculável fortuna ser diluída por milhares de herdeiros. Assim, encarcerou-se entre homens.

Berinjela ou beringela?

A Megazine de hoje levanta uma polêmica que se encaixa muito bem na questão do fundamentalismo. Afinal, qual o nome daquele fruto que a gente come com torradas, numa camponata, bem ao gosto dos italianos?

E eu lá sei? A reportagem justamente enfoca essa polêmica. Taí uma prova de que ninguém é o senhor da verdade. Podem até justificar por A + B que a beringela é mais usada que a berinjela, mas é correto dizer que o Houaiss está mais certo que o Aurélio? E o Aulete, que foi o dicionário lançado mais recentemente, o que diz? Fica no muro. Dá as duas, sem predileção.

Acho que a única discussão cabível em torno da beringela/berinjela é como comê-la. Alguém aí tem uma boa receita?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Tonitruante

Vez por outra, postarei aqui algumas das belas palavras de nosso idioma.

Tonitruante é quem tem a voz de trovão, quem é ruidoso.

Também usamos tonitruoso ou tronítuo.

E daí deriva tonitrofobia, ou o velho medo de trovões.

Tempo de duração

Vamos combinar?

Este blog será implacável na luta contra as pragas da língua. Vale inseticida, bactericida, água sanitária, creolina ou mesmo um banzai com uma sandália.

Mas tempo de duração é o caraleo!

(perdoem o linguajar, mas destilar a ira, ainda que maquiada, faz bem)

Basta ir ao dicionário. Duração sempre estará relacionada a tempo. Sempre. Vocês nunca vão encontrar por aí um "A corrida durou dois quilômetros".

Mas a praga é persistente.

O tempo de duração do evento foi de duas horas e meia.

NÃO! É tão mais simples dizer "O evento durou duas horas e meia"!

Pelamordedeus. Economizem tinta, papel e saliva. Obrigado!

=)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Fundamentalismo lingüístico

Em tudo na vida, ser radical não faz bem.

Sobretudo na nossa língua.

Já disse lá para baixo que as exceções de nossa gramática despertam paixões e ódios. Há quem defenda ferrenhamente uma crase aqui, uma vírgula acolá, um hífen lá...

Eu já fui assim. Achava que havia A GRAMÁTICA CORRETA, em detrimento de outras, equivocadas.

Mas aí eu passei a ver que nunca, jamais, em tempo algum, o português será uma língua uniforme, como o alemão, o inglês — não são idiomas, são máquinas, o que lhes confere o devido fascínio.

O português é uma língua latina, cheia de coisinhas. Cabe todas as divergências possíveis e imagináveis. De onde eu passei a defender não o 'certo', mas o 'mais adequado' ou o 'mais sonoro'.

Eu acho que pouquíssimas pessoas têm de fato a autoridade de decretar o que está efetivamente errado. Mal comparando, não podemos levar a ferro e fogo a opinião divergente de milhares de juízes quando há apenas uma dúzia de ministros do Supremo Tribunal Federal, a quem cabe dar 'a palavra final'.

E, mesmo assim, no caso da língua, não há espaço para fundamentalismos. Ser xiita é ignorar que idiomas são dinâmicos e divergentes. E isso não faz bem, pois é radicalismo.

Claro que não há o que discutir com os 'gatos com J', aqueles erros crassos. Mas querem um exemplo de como tem pano para a manga?

Dona-de-casa tem hífen? Tem. E café-da-manhã? Aí eu não poria. Está errado?

Tenho outro ainda melhor. Como se chama aquele queijo que a gente bota em cima da pizza?

Muçarela. Sim! Com esse horrendo cedilha! É só ir ao dicionário. Mas eu me recuso a escrever assim. Aliás, nunca vi escrito. Espero que seja um caso, dentre vários, de aceitação por uso comum. Desde que eu me entendo por gente, o queijo é mussarela. Creio que muitos de vocês concordarão comigo. E como provar que o correto seja muçarela? Qual o argumento? Difícil convencer a gente sem fundamentalismo.

É por essas e outras que, quando eu me deparo com uma dúvida menor, recorro ao efeito-caneca.

É bom se acostumar...

Vocês se lembram de quando quase tudo cabia num disquete?

Hoje em dia o drive A pode escangalhar, que pouca gente vai dar conta.

Em tempos de iPods, pen-drives e memory cards, realmente o velho disquetezinho perdeu a utilidade.

Afinal, uma mísera faixa de mp3 de uns três minutos, ripada numa qualidade mediana, ocupará pelo menos uns três megabytes; dois e meio, se muito. Um CD normal nunca terá menos de 50 Mb. Quem baixa música direto está cansado de ver álbuns com 70, 100 ou até 200 megabytes. Um filme bate fácil a casa do giga.

Para quem não se liga muito no assunto, um disquete tem a enorme capacidade de 1,4 megabyte. Ou seja, para fazer caber aquela mísera faixa de três minutos, teríamos de condensá-la, dividi-la e gravá-la em dois disquetes. Uma total burrice.

Mas este não é um blog sobre português? Então por que na Terra estamos falando de informática?

Porque a tendência, em pouquíssimo tempo, é que 'megas' e 'gigas' se tornem tão obsoletos como hoje é para nós o quilobyte. Não dou dois anos para aparecer aí um pen-drive de mil gigas.

Mil gigas? Peraí, existe um termo próprio para traduzir isso. E se chama tera.

Já são bastante comuns supercomputadores com terabytes (Tb) de memória. E acima disso, vocês sabem os termos?

Eles estão aí há milênios, tanto para cima, quanto para baixo — quem aí nunca ouviu falar de nanotecnologia? —, mas a informática tem popularizado essas palavrinhas, derivadas do grego.

Então, vamos à aulinha:

Quilo (K) - mil.
Mega (M) - um milhão.
Giga (G) - um bilhão.
Tera (T) - um trilhão.
Peta (P) - um quatrilhão.
Exa (E) - um quintilhão. Atenção! Não confunda exa com hexa. O último equivale a seis vezes (hexacampeão). Até a pronúncia é diferente: eza/ecsa.
Zeta (Z) - um sextilhão.
Yotta (Y) - um septilhão. Não confundir yotta com iota, a letra grega de onde derivou o nosso J. Essa brincadeira tem 24 zeros.

É muito zero! Acima disso, temos o xona (X), o weka (W) e o vunda (V). É até engraçado: vundabyte não se parece com wunderbar (maravilhoso em alemão)?

Mas acho que estamos muito longe dos vundabytes. Encontrei via Google um sujeito dizendo que todas as palavras já pronunciadas em todas as línguas desde que o mundo é mundo ocupariam apenas 5 exabytes. Do uga-uga ao wunderbar, contando, é claro, com a nossa exclusiva saudade.