domingo, 13 de abril de 2008

Procuram-se respostas...

...para a questão do procuram-se.


Este, tal como o pesadelo da flexão do infinitivo, é uma afta da língua. Encontramos pás de exemplos errados: Procura-se médicos, vende-se casas, vê-se soluções.


Ah, então toda frase que tiver o -se vai para o plural?


Lamento dizer que nada no português é simples.


E digo mais: no caso do procura-se, não há uma 'fórmula', uma dica. Há, sim, uma lógica - mas ela só funciona se os fundamentos do idioma estiverem bem sólidos.


Em outras palavras, não dá para escapar da gramática.


Mas ela não é tão má quanto parece!


Então vamos à luta, para tentar não mais errar isso.


O primeiro passo é identificar que se é esse. Essa palavrinha pode assumir várias funções, mas podemos nos limitar a apenas duas, o que realmente nos interessa.


O se pode nos dizer que não há sujeito na frase. Uma dica preciosa para achar o sujeito numa frase é pegar o verbo principal e perguntar quem ou o quê.

Vamos começar com um exemplo fácil.

O padre proferiu um duro sermão no púlpito.

Há, aqui, um verbo: proferir. Usando a fórmula, a gente pergunta: quem proferiu?

O padre. Taí o sujeito da frase.

Agora, vamos à próxima:

Vive-se maravilhosamente aqui.

Quem vive?

A frase não diz. O sujeito está indeterminado.

Outra:

Precisa-se de empregados qualificados para a obra da ponte.

Ih... e agora? Quem precisa? A frase, mais uma vez, não diz. Acha que é fácil? Então vamos lá:

Ainda dá tempo para se tomarem algumas providências.

Frasezinha feia, não? Mas o duro é que a frase está correta.

Confesso que peguei pesado, porque se trata de uma oração reduzida, mas isso é gramática demais. Vamos voltar à regra da pergunta: o que toma? A resposta, porém, aparece quando a gente muda um pouquinho a questão. O que é tomado?

Viram? Taí um lindo exemplo de voz passiva. Você se lembra: na voz ativa, a coisa faz; na passiva, a coisa é feita. Existe uma forma mais curta de escrever isso. Faz-se a coisa.

Só que, na voz passiva, existe um sujeito. No caso acima, a coisa é sujeito de ambas as frases.

Como o sujeito manda na frase, devemos segui-lo.

Conserta-se janela. O que é consertado? A janela. E se a gente pôr janelas? Aí fica assim:

Consertam-se janelas.

Tá bom, vocês querem saber se tem uma fórmula. Ter, tem, mas vai depender de uma... decorebinha. Nada que com o uso contínuo você não guarde. É a regência. Ou a regra do quem coisa, coisa alguma coisa.

Falemos de regência depois. O pulo do gato, então, é identificar na frase o quem ou o quê.

1) Demitiu-se o diretor porque se elevaram os gastos na empresa.
2) Compraram-se várias ações ontem. Implicou-se em ótimos resultados.

Vejam que no exemplo 1 temos o diretor foi demitido e os gastos foram elevados. Temos aí duas vozes passivas. Já no exemplo 2, apesar de várias ações foram compradas, temos o em, que não nos deixa dúvida: os ótimos resultados são complemento, e não sujeito, que está oculto. Afinal, o que implicou? Quem implicou? Não foram os resultados. Foi alguém ou algo indeterminado.

O tema é espinhoso. Voltaremos a ele...

Outra vez...

...o Soletrando acha uma vencedora de maneira ultraprecoce. Ontem, tal como na semana passada, nem deu para queimar neurônio: as duas derrotadas caíram na segunda fase.

Primeiro, a piauiense cometeu um cideral. Depois a potiguar me soletra uma coalisão. Bom para a mato-grossense, que me parece mais bem preparada que a classificada no sábado retrasado...