sábado, 24 de abril de 2010

Propriedades

Esta semana recebi dois comentários bastante interessantes.

Ambos eram críticas bem fundamentadas e construtivas a este blog.

Gostaria imensamente de ter respondido a cada um prontamente, como rezam as boas maneiras. Mas só agora posso dar a atenção que os dois merecem.

O primeiro a escrever é Valter Luiz, acerca do post sobre incidente e acidente. Ele questiona para o fato de que nossa definição simplificou demasiadamente a diferença.

Ele atenta para o fato de que, no Direito Trabalhista, incidente e acidente trazem outras definições.

O outro comentário partiu de Camila, que com muita propriedade se dispôs a corrigir um post vindo do Formspring.

Não sei onde eu estava, mas o curto parágrafo, sobre usos da palavra escopo, era um amontoado de incorreções.

Ela encerra seu comentário dizendo que não admite que jornalistas, advogados e afins tomem para si a árdua tarefa de compreender a estrutura e o funcionamento da língua por meio de uma gramática normativa qualquer (...)

Embora os comentários tenham sido deixados em posts diferentes, eles têm muito em comum. Temos especialistas em sua área questionando, de um certo modo, a 'autoridade' deste blog em dizer o que é certo e o que é errado.

(E quando o próprio blog erra, tenho de admitir, merece todo puxão de orelha. Uma releitura não faz mal a ninguém)

Eu sou jornalista. Trabalho como revisor e redator — e descobri minha carreira não apenas por gostar de escrever, mas sobretudo por gostar de escrever corretamente. Sempre tive muita atenção ao que seria impresso no dia seguinte.

Não sou formado em Letras. Sigo a tal da gramática normativa qualquer na hora de revisar os textos. Também levo em igual consideração a clareza, a objetividade e principalmente o interesse. De que adianta, num jornal, um texto correto, mas sem interesse?

Ser jornalista dá propriedade para falar de linguagem? Tenho a convicção de que sou ignorante em muitas, muitas questões. Mas sei também que por mim passam muitos erros. O dever de corrigi-los e a obrigação de evitá-los me torna um defensor. Defesa, vamos deixar claro, de um português sem erros, de textos sem algumas pragas. Afinal, embora não seja de Letras e ignore usos do idioma em outras áreas, como o Direito, sempre estudei e sempre estudarei para isso.

Um jornalista não pode ajudar nessa defesa?

Acredito que sim. E sei que posso contar com todos. E é por isso que os dois comentários, tema deste post, me deixaram muito satisfeito.