terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A tsunami ou o tsunami?

Houaiss diz que é masculino.

Mas não vem de onda? E onda não é feminino?

Vai entender.

Ah, tsunami vem do Japonês: tsu (porto) e nami (onda ou mar). Logo, é a onda do porto? Talvez seja a onda que quebra no porto. Ou que quebra o porto...

E aí deixo vocês com a 'Grande onda de Kanagawa', do mestre Hokusai.


Tromba-d'água e cabeça-d'água

Ambas têm a ver com chuva e podem ser devastadoras, mas não são a mesma coisa. A primeira, inclusive, pode ser causa da segunda.

Uma tromba-d'água é a velha chuva de verão: aquele toró que desaba de uma vez só, geralmente no fim do dia, e que causa transtornos bem na volta para casa. Em suma, é uma chuvarada curta e grossa.

A cabeça-d'água também é curta e grossa e até vem 'de cima'. Igualmente faz estragos no chão. Mas depende de um rio. É aquela súbita cheia que ninguém espera e que pode arrastar o mais incauto.

Meu pai sempre me contou de cabeças-d'água. Tanto, que a recomendação era não tomar banho de rio e evitar margens quando chovia no alto da montanha, mesmo se cá embaixo tivesse sol. Bastava uma tempestade lá em cima para o leito absorver a água e aumentar o volume do rio.

Quilômetros abaixo, com a força da gravidade, o rio se transforma em onda, mas ela é traiçoeira e chega sem avisar.

Muita gente perdeu a vida assim.

Então, uma tromba-d'água no alto do morro pode provocar uma cabeça-d'água rio abaixo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Gente, vamos aceitar a muçarela!

Confesso que torcia o nariz para muçarela.

Sei lá, achava um troço horrível, uma aberração, uma mutação genética da Língua Portuguesa.

Eu era tão fundamentalista que defendia mussarela. Como numa desobediência civil.

Dicionários colaboravam com esse motim e previam mozarela e o italiano muzzarela.

Mas aí a pessoa estuda, envelhece e evolui. E passei a sentir pena de muçarela.

Dia desses meu mestre Sérgio Duarte Nogueira estava justamente explicando por que não devemos tacar pedra em quem escreve muçarela. E os alicerces do Português corroboram a tese.

Palavras em Tupi são escritas com Ç, como açaí e suçuarana. O Italiano e o Espanhol também pedem Ç quando temos Z, como é o caso de plaza e piazza. Não escrevemos prassa. É praça. Por isso, muçarela.

Vamos acabar com anos de preconceito! Vamos dar à muçarela o reconhecimento que a palavra merece!

Todos comemora e nós pega o peixe

Vocês se lembram da polêmica do nós pega o peixe?

O bafafá já vai fazer dois anos: foi em maio de 2011. Um livro com o aval do MEC defendia a tese de que construções com erro de concordância podiam ser aceitas, não eram crimes hediondos. Era o Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender.

Na ocasião, logo me veio à cabeça a moda do #todoschora e afins. Parece que passou, porque não vejo muitas hashtags como aquela por aí.

Houve caça às bruxas às autoras, que depois desconversaram, alegando que jamais quiseram ensinar errado.

Sei não: na minha época, livro didático era espécie de bíblia; o que lá estava era verdade absoluta, não podia ser questionado. Acredito que hoje, mais do que nunca, essa aura deva ser mantida.

Se existe norma culta, o livro deve ensiná-la e estimulá-la. Isso é bem diferente de discriminar erros e tratar mal quem errou.