terça-feira, 12 de março de 2013

Algarismos romanos

O que têm a ver algarismos romanos com a Língua Portuguesa?

Muita coisa, já que eles ainda são bastante frequentes. Volta e meia aparecem em nomes de lugares, colados em monarcas e, sobretudo agora em tempos de conclave, ordenando Papas.

Lá no jornal eu propus acabar com os romanos. A Folha de S.Paulo, por exemplo, já os aboliu por lá.

Polêmica à vista!

Num jornal popular, o algarismo romano pode causar estranheza. Claro, há os consagrados, como Praça XV e João Paulo II, e os mais simples, como Marcelo III (um dos inúmeros possíveis novos nomes do sucessor de Bento XVI).

Mas o próprio nome escolhido por Joseph Ratzinger não é dos mais fáceis, concordemos.

Há uma lenda urbana que reproduz a dúvida de um pedestre no Centro do Rio: "Amigo, por favor, onde é a Praça Piócs? Era a Pio X, ali perto da Candelária. E possivelmente há quem se refira àquela via que corta o Morro Azul, no Flamengo, de Rua Paulo Vi.

Acabar com os romanos seria um brinde à ignorância e ao empobrecimento ou um movimento de clareza e simplificação?

Talvez possam contra-argumentar que abolir os romanos é o mesmo que relaxar na norma culta.

Eu não sei; acredito que há, sim, espaço para tolerar erros, pois nenhum fundamentalismo é bacana. Mas a norma culta se fortaleceu como o correto; os romanos, no meu entender, sempre foram uma alternativa. Nunca foi errado escrever Praça 15 no lugar de Praça XV.

(No caso dos topônimos, ou nomes de lugares, sempre defendi o uso dos arábicos. Não fazia sentido escreverem Praça XV e não Boulevard XXVIII de Setembro, o que realmente é esquisito.)

Romanos persistem mais por tradição do que por funcionalidade. São como roupagens bonitas, mas que não chegam a todos os leitores. Principalmente num jornal. Por isso, defendi o ajuste definitivo.

Era comum grafar em romanos o ano de criação de alguma obra (filmes, por exemplo). Vamos lá, quem consegue de prima dizer quando foi MCMLXXVIII? Dica: foi o ano em que nasci. Estou velho.

Com a virada para o século 21, a coisa simplificou. É simples escrever MMXIII. Mas não é mais simples 2013?

O que vocês acham?

segunda-feira, 11 de março de 2013

E nem

Sabem o Exame Nacional do Ensino Médio? É o Enem.

Tem um 'quase xará', o e nem. Quando aparece lá no jornal, eu brinco: "E nem é o Exame Nacional do Ensino Médio".

Isso porque na maioria das vezes o e está sobrando na frase.

Muitas pessoas se esquecem de que o nem equivale a e não. Usamos em enumerações em frases com ideia negativa.

Não fomos à praia nem conseguimos ingressos para o cinema.

O governo não baixou os impostos nem concedeu empréstimo.

Bastante gente coçaria a mão para botar um e antes dos néns. Está errado? É crime hediondo? Eu diria que é uma repetição desnecessária. Logo, fica mais elegante se você for econômico.

Mas há uma situação, pelo que me lembro, em que o e nem é obrigatório. É quando o nem traz a ideia de mesmo. Aliás, vocês podem usar o mesmo como teste. Vejam:

Fiquei triste, nem quis sair do quarto, e nem meu cachorro conseguiu me animar.

Deu para entender a diferença? O primeiro nem equivale a e não (na verdade, se eu colocasse apenas não a frase continuaria certa); já no segundo, a gente pode inserir mesmo sem mudar o sentido.